quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

I Saw the Devil (Akmareul boatda) - 2010

País de Origem: Coréia do Sul

Olá pessoal! Meu nome é Ibertson Medeiros e inauguro com esse post o meu novo blog, chamado Cinema Lato Sensu (Escrevia antes para o extinto Cinema para Todos). O intuito deste espaço destina-se a conter resenhas, notícias e outros assuntos que tenham relação direta com o cinema. Tentarei escrever sobre o cinema em sentido amplo, explicando o porquê do título em latim escolhido para o blog. Escreverei aqui sobre obras dos mais variados gêneros e países possíveis, sem nenhum preconceito, incentivando assim vários leitores/cinéfilos a procurar tais filmes que comentarei, em que na maioria das vezes são um tanto quanto desconhecidos do público em geral. Em contrapartida, também comentarei sobre filmes mais acessíveis, clássicos do cinema, enfim, tentarei englobar de tudo um pouco.

Depois dessas considerações iniciais, vamos ao que interessa. O post inicial trata do novo filme do aclamado diretor Ji-woon Kim (Medo, O Gosto da Vingança e Os Invencíveis, dentre os lançados comercialmente no Brasil) que, juntamente aos seus conterrâneos Joon-ho Bong (O Hospedeiro, Memórias de um Assassino e Mother - A Busca pela Verdade) e Chan-wook Park (Mr. Vingança, Oldboy, Lady Vingança, Zona de Risco, Sede de Sangue), forma a trinca de diretores sul-coreanos mais celebrada da Coréia do Sul na atualidade. Qualquer novo trabalho de um desses três gera ansiedade aos fãs do cinema coreano, este que é um dos mais criativos do momento.

I Saw the Devil não é diferente. O novo filme do diretor reúne nos papéis principais dois atores já bem conhecidos: Byung-hun Lee (Interpretou o Storm Shadow na bomba G.I. Joe: A Origem de Cobra e é a terceira vez que participa de um filme do Ji-woon Kim) e Choi Min-sik (Mais conhecido pelo papel de Oh Dae-Su no clássico moderno Oldboy e segunda vez que contribui com o diretor). O resultado foi um intenso thriller, com uma longa duração para o gênero (Quase 2 horas e meia) e cenas de extrema violência, apesar de não ser gratuita. Aliás, tal violência quase que ocasiona o banimento do filme nos cinemas sul-coreanos, em que o diretor teve que cortar algumas cenas mais gráficas para poder exibi-lo.

A trama segue a cartilha dos "filmes de vingança", já tão característicos do cinema coreano, tornando-se uma experiência ao mesmo tempo movimentada e sádica ao espectador. Byung-hun Lee interpreta Kim Soo-hyeon, um agente secreto bastante competente. Numa noite, enquanto está em serviço, ele liga para sua esposa, Joo-yeon (Oh San-ha). A moça encontra-se presa na nevasca que assola a região e espera por um guincho. Depois de conversarem, a esposa desliga o celular e logo mais aparece na estrada um ônibus escolar. O motorista desce do veículo e oferece ajuda à mulher, recebendo uma negativa, já que ela aguardava o guincho. O estranho na verdade é um serial killer (Interpretado por Choi Min-sik) e acaba por matar brutalmente Joo-yeon. Após saber do ocorrido, Kim Soo-hyeon perde toda sua alegria de viver e promete à falecida esposa vingar-se e provocar ao psicopata 10000 vezes a dor que ela sentiu.


O filme não traz nenhuma novidade ao gênero, mas a forma como é conduzido magistralmente pelas mãos hábeis do diretor detrás da câmera faz com que ganhe muitos pontos positivos. Ji-woon Kim consegue extrair beleza do grotesco, como em uma cena em que a água corre pelo cano e, logo em seguida, o líquido se transforma em vermelho vivo, sangue de uma vítima do temido psicopata. A violência é tão bem conduzida no filme que fica até bonito de se ver, tamanho o realismo de tais sequências. Uma das características mais marcantes do diretor é justamente essa: Ser um esteta profissional e todas as cenas são milimetricamente bem trabalhadas, desde o próprio cenário até os ousados ângulos de câmera.

É muito difícil destacar alguma cena nesse aspecto: Desde o início do filme, em que a câmera funciona como a visão do serial killer à procura de uma vítima na noite de inverno coreana até as movimentadas cenas de embate entre os protagonistas, repletas de tensão e violência, muito bem coreografadas e que causam dor ao espectador só de ver algumas mutilações e outras atrocidades do tipo. Tudo é bem feito no filme, em relação à estética, em um trabalho digno de bater palmas. O roteiro pode ser falho, algumas cenas podem beirar o absurdo e causar revolta ao espectador, mas são poucas e a beleza do filme apaga todos esses errinhos básicos.

Em relação às atuações, Byung-hun Lee entrega o mesmo papel a que é acostumado: O homem que banca o durão e com cara de pouquíssimos amigos. Porém, o seu personagem clama por uma atitude assim, pois acaba de perder a esposa de uma maneira inacreditável e perde assim o seu sorriso, o ânimo de viver. Seu instinto de vingança é o seu combustível para manter-se de pé. E nisso o ator faz um bom trabalho, carregando o filme tranquilamente. Além disso, ele tem presença em tela e é bastante estiloso, o que é notável no seu penteado e nas roupas que usa. Já Choi Min-sik entrega mais uma atuação intensa na sua carreira, entregando-nos um psicopata que é o verdadeiro demônio, justificando o título do filme. Um daqueles sujeitos que a única forma para que ele deixe de cometer crimes é com a sua morte.

Outro detalhe interessante no filme é que o "mocinho", movido por sua ira, causa destruição e deixa um rastro de sangue por onde passa, independente de quem seja. Suspeitos do assassinato de sua esposa não são deixados para trás e sofrem as mais dolorosas práticas de violência. Os métodos utilizados pelo agente secreto são até mais sádicos que os praticados pelo próprio psicopata, em diversos momentos. Uma lição que o filme mostra é que, embora a perda de algum ente querido tenha sido ocasionada por uma violência injusta, não compensa procurar uma vingança utilizando de métodos tão cruéis quanto, pois isso acaba com a pessoa, fisicamente e psicologicamente. A vingança nem sempre causa-nos satisfação. Mesmo após obtê-la, pelo menos nesse caso, os traumas serão muitos e a pessoa não vai alcançar a paz até a morte. 

Enfim, I Saw the Devil  é um filme forte, sangrento e perturbador, mas que não deixa de transparecer beleza diante de tanta perversidade. Isso é mérito do diretor, bastante versátil por sinal (Já passou por comédias de humor negro, noir, suspense psicológico, western e agora um suspense/terror). Aliás, esse é o trabalho mais sangrento de Ji-woon Kim. Embora possua diálogos fracos e um roteiro comum, o suspense prende a atenção e nunca fica enfadonho, mesmo diante da longa duração. Que venham mais obras orientais desse nível, não importando o gênero. Recomendado para os iniciados no cinema coreano, que é de certa maneira trágico e com uma atmosfera carregada, na maioria das vezes e para os de estômago forte. Melhor: Para os fãs de um bom e competente filme de suspense. Um verdadeiro jogo de gato e rato.

NOTA: 8.0/10.0


Trailer:

6 comentários:

  1. Estou com Oldboy, Mother e O Hospedeiro pra ver aqui. O cinema oriental vem arrasando ultimamente, né?

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  2. Cara, bem vindo novamente ao mundo dos blogs de cinema!

    Já te favoritei.

    E este filme me parece interessante, assim como esses outros q vc citou, em especial Mother e Oldboy.

    Abraços e longa vida ao cinema lato sensu.

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  3. Assisti ontem ao filme...recomendadíssimo, pena que alguns irão abandona-lo por causa da violencia do início...Cinema coreano possui ótimos filme. Assistam tb "Mother" e " memórias de um assassino".

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  4. PARABÉNS PELO BLOG!

    www.ofalcaomaltes.blogspot.com

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  5. Olá!

    Sou leitor do Cinema Lato Sensu e sou cinéfilo de carteirinha. Eu estou mandando esse email porque estou trabalhando numa empresa que desenvolveu um portal sobre cinema - o Cinema Total (www.cinematotal.com). Um dos atrativos do site é que você cria uma página dentro do site, podendo escrever textos de blog e críticas de filmes. Então, gostaria de sugerir que você também passasse a publicar seus textos no Cinema Total - assim você também atinge o público que acessa o Cinema Total e não conhece o Cinema Lato Sensu.

    Se você gostar do site, também peço que coloque um link para ele no Cinema Lato Sensu.

    Se você quiser, me mande um email quando criar sua conta que eu verifico se está tudo ok.

    Um abraço,

    Marcos
    www.cinematotal.com
    marcos@cinematotal.com

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  6. Não se compara a Oldboy.

    Mas talvez a atuação do Min-sik Choi esteja a altura.

    Lindo o filme.

    http://thomaslumiere.blogspot.com/

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